segunda-feira, 30 de abril de 2007

CibereEntrevista C/ Kalidàs Barreto





Cantinho Brasileiro

CIBERENTREVISTA





Carlos Coelho


Para: O Castanheirense
Att. António Manuel Valadas Bebiano Carreira
De:
Carlos Manuel dos Santos Coelho
São Paulo - Brasil
E-mail - carlos.coelho@estadao.com.br


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CIBERENTREVISTAS
Entrevista com Kalidás Barreto, sindicalista, autor da Monografia do Concelho de Castanheira de Pera
Kalidás Barreto, o seu nome se funde com Castanheira de Pêra?
- É natural que isso suceda quando alguém está ligado de alma e coração a uma terra com a qual tem visibilidade pública, nacional e internacionalmente, a partir da defesa dos mais desfavorecidos; com toda a modéstia mas também com todo o realismo causticado pela inveja dos incapazes de conhecer que a minha forma de estar na vida ao serviço dos outros é herança moral que preservo das três gerações que me antecederam, lutando de pé por princípios e pelo bem comum. Minha mãe é o exemplo da humildade e da capacidade de sobreviver dignamente (viúva e com quatro filhos menores), atravessando as dificuldades da guerra 1939-1945.
Por quê Castanheira de Pêra ?
- Castanheira de Pera é uma consequência da estadia profissional de um familiar, em 1945; Depois... é a vida!
O que acha da Guerra?
- A guerra é a opção dos que não têm amor, nem inteligência para construir a paz e dos poderosos que no segredo dos seus confortáveis gabinetes mandam cobardemente que os filhos da sua pátria matem os filhos inocentes de outras pátrias (ou morram às suas mãos), salvaguardando os monstros que irresponsavelmente criaram.
O que acha do Governo LULA?
- Lula sabe o que foi a fome, sabe o que foi comer pão, pela primeira vez, aos sete anos. Criou a consciência dos oprimidos que quer libertar sem que para isso se tenha que tornar violento ou opressor. Tem a inteligência de, pelo diálogo, contribuir para tornar mais justa a distribuição da riqueza. Acredito nisso! E já houve actos neste curto espaço de tempo que indicam isso.
Qual a sua opinião da colónia Castanheirense no Brasil?
- Os castanheirenses radicados no Brasil são pessoas de origem humilde e muito trabalhadora. Admiro-os quando não alinham com aqueles que oprimem, não esquecem as suas origens, não bancam em grandes; são sérios e transparentes... e não esquecidos da sua terra!
Globalização?
- Não se pode tapar o sol com a peneira porque é demais evidente. O mal do mundo não está na globalização económica, o mal está em que, paradoxalmente, não é global. Ela é só para os grandes grupos económicos, não para o planeta inteiro, onde há gente a morrer de fome; não é social! Roubam as matérias primas dos países pobres, compensando-os com migalhas. Quando não se produzir só para uns, quando se deixar de dar o peixe e se ensinar a pescar, quando as riquezas do mundo tiverem uma melhor distribuição, então falemos em globalização social e não só na globalização económica.
Brasil?
- Brasil é a grande nação que pode estar na hora da viragem se souber aproveitar a oportunidade.
Portugal está bem governado?
- O General romano dizia que nos confins da Ibéria, havia um povo chamado de Lusitanos que nem governavam nem se deixavam governar. O actual Governo Português situa-se no permanente dizer mal do governo anterior, repetindo o discurso da desgraça e decretando contra os mais fracos.
Os nossos antepassados diziam que a quem muito pragueja, cai-lhe a praga em cima.
Como vê a moeda única "EURO"?
- Acho que é muito importante como um passo para a coesão da Europa, mas "cadê" o acesso a todos os bens, igualdade de oportunidades, emprego para todos, coesão social? Continuar a ver a moeda única nos bolsos dos mais ricos é igual a continuar a ser pobre em qualquer moeda.
União Europeia?
- A União Europeia pode ser um projecto óptimo se se libertar da tutela dos Estados Unidos, se efectivamente procurar construir uma Europa de cidadãos, se for capaz de ter um política externa independente e uma política económica que elimine a
exclusão social.
O que me diz Do Visconde Nova Granada?
- Era um filantropo que soube amar a sua terra. Penso que está por fazer a sua história e seria interessante divulgá-la como exemplo de solidariedade.
O que precisa ser feito em Castanheira de Pera
- Convencer os castanheirenses ausentes que se estão a criar condições para se viver aqui, o que significa investir, participar construtivamente, residir; convencer os residentes com capacidade, a criticar menos e a agir mais pelo bem da terra.
Fábricas de Lanifícios?
- A indústria de lanifícios poderá manter-se mas ninguém espere o fulgor de outrora porque os tempos são outros.
Gosta do que faz?
- Mas claro!
As drogas deveriam ser liberadas igual ao álcool?
- É um assunto controverso e delicado com relações causa-efeito, complexas e perigosas cumplicidades! Se porém houvesse venda livre em todo o mundo, ao mesmo tempo, tal como o álcool e o tabaco, o interesse comercial baixaria e talvez resultasse. Os governos deveriam entretanto apostar na pedagogia e não só advertir hipocritamente que "o uso faz mal à saúde".
O que lhe diz Castanheira de Pêra?
- Diz-me tudo! Ainda que tenha nascido em Montemor-o-Novo, as minhas origens sejam Goa e Coimbra, a minha formação seja de Coimbra, Castanheira de Pera é, afinal, a minha terra, onde tenho amigos de infância e adversários, onde percebi na prática, porque, defendia teoricamente alguns valores, onde constituí família.
Castanheira de Pêra e o turismo?
- É evidente que uma região que tem ar puro, que tem silêncio, que tem águas cristalinas e montes verdejantes, só se tiver dirigentes insensíveis é que não aposta no turismo! Não no turismo que altera os hábitos dos que cá vivem ou entra em conflito com a ecologia, mas um turismo que preserva o homem, o seu ambiente e a sua cultura e nela se integra harmoniosamente. Esse é o turismo que se defende, o chamado eco-turismo, em que temos que caminhar e acreditar. E para isso não é só a Câmara. O turismo sénior é cada vez mais um espaço em que é preciso estar atento. A ocupação dos tempos livres na idade sénior é hoje uma aposta dos que acompanham a evolução do turismo. É preciso uma participação séria do sector privado, sem deixar adulterar os objectivos, criando alojamentos condignos, hospedagem que não pode ter improviso nem grosseria, programas de animação adequados e formação profissional.
A nossa região pode ser, se todos quisermos um centro de ecoturismo por excelência!
E o povo de Castanheira de Pera?
- O povo é afável e hospitaleiro. É igual na Comarca onde predomina uma cultura comum que vem dos tempos de Afonso Henriques, carta da doação das terras de Pedrógão, em 1135.
Que recordação tem da sua infância?
- Qual infância? A do Alentejo, a de Goa, a de Coimbra ou a de Castanheira?
Referindo-se, por certo, a esta última, são os velhos amigos: o Edmundo, o Joaquim Soares, o Fernando Abreu, o António Alfaiate, o Barahona, o José Alberto, o Adelino Sério, o Acácio Costa, o Carlos Coelho, o Eduardo Coelho, o Augusto, o Bebiano Pelado, o Nelo, o Fernando Abdias, o Elias, o Simões, o Carlos Costa, também o Júlio Henriques, também os Caetanos e todos os companheiros do Sport e tantos outros de quem eu guardo boas recordações, naturalmente que das tropelias dessa época.
Castanheira de Pêra e o mundo?
- Castanheira de Pera está no mundo e por isso não deve nem pode isolar-se; por isso a nossa juventude já tem um centro informático ligado à internet, a que todos têm acesso
Na sua opinião porque a Fábrica Ceppas em Castanheira de Pêra não teve seguidores?
- São águas passadas! A fábrica Ceppas representou uma época.
Se fosse Presidente da Câmara Municipal de Castanheira de Pêra o que fazia?
- Estaria na altura de dar lugar a um jovem com garra e visão do futuro, indicando, por exemplo, um Pedro Barjona para me suceder. Não tenham dúvidas que ele vai marcar os próximos anos!
Lar dos Idosos?
- Vai melhor agora! Penso porém que há uma política de idosos que tem que passar por duas vertentes mais dinâmicas: Uma, a do apoio domiciliário, outra de maior convivência com as crianças. Um lar não pode ser um depósito de velhos, uma espécie de ante-câmara da morte; terá de ser um local vivo e dinâmico, onde as pessoas mais idosas se sentem úteis, ensinando a sua sabedoria aos mais jovens. Ver televisão ou dormitar nos sofás, é pouco! Não esquecer, entretanto, o apoio aos acamados de longa duração. Penso ser essa a opinião da actual Mesa, onde lidera um homem inteligente já com provas dadas: Fernando Lopes.
Os Clubes de Castanheira de Pêra?
- Penso que estão desempenhando o seu papel, destacando, a União Recreativa Sapateirense, o Sport, a Amicaper, a Caperarte e o Centro de Coentral. Porém é exigível de todos um maior dinamismo, a despeito de todas as dificuldades por que passam.
Diga alguma coisa sobre o Brasil "Celeiro do Mundo onde tanta gente passa fome"?
- Creio que já respondi. O actual governo de Lula procura dar resposta. É preciso que cada um acredite que é possível um caminho mais fraterno para o Brasil e par o mundo!
10/02/2003
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