terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Clarinda Henriques:

O PORQUÊ DA POESIA!
I
Todos querem saber
A poesia é o quê?
E com tanto mal no Mundo
Escrevemo-la porquê?

II
Não é bicho-de-sete-cabeças
Como gostam de lhe chamar
É um texto muito risonho
Que adora sempre rimar.

III
Não é preciso ser o super-homem
Nem sequer matar um dragão
Para escrever uma poesia
Basta abrir o coração
E puxar pela imaginação
IV
Uma pequena poesia
Escrita num papel liso
Lembra uma ave adormecida
Entre o mundo e o Paraíso
V
A poesia não se aprende
Nem se ensina a ninguém
Não s e compra nem se vende
Começa na barriga da Mãe!

Quem se lembra do aerograma?

Mais pequeno que uma folha A4, escrevia-se e dobrava-se sobre si mesmo, fazendo que não fosse necessário envelope.
Era uma carta de saudade, de desabafos, de esperança, de despedida. Era uma carta de amor!
Foram milhões os aerogramas que os militares escreveram aos seus familiares, amigos, namoradas e esposas, essa finíssima folha que o Serviço Postal Militar se encarregava de transportar a preços muito reduzidos.
Para devorar os tempos mortos inventaram-se as “Madrinhas de Guerra” que viriam a ter importância fundamental no passar dos dias. Trocavam-se palavras de descoberta com alguém que nem se conhecia e dessas palavras saíram frases de amor que o coração exigia e a mente desejava. Muitas resultaram em matrimónio, outras em duradouras amizades e outras ainda, em remotas recordações que o tempo se encarregou de fazer esquecer.
Muitos aerogramas eu escrevi em reposta aos que me vinham chegando. Só não escrevia quem não queria. O custo era o preço dum sorriso e eu adoro sorrir.
O aerograma foi a grama que pesou quilos, toneladas, quintais, no despertar das consciências que a juventude abalou
Não fui namorada de nenhum militar no Ultramar, mas para lá estava virado o meu olhar sabendo que grande parte dos meus COLEGAS DE ESCOLA para aí tinha rumado, empurrados pelo destino de quem foi obrigado a defender os velhos mundos dum mundo novo.
Aerograma - a folha que cheirava a regresso!

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