segunda-feira, 2 de julho de 2007

Prazilândia – Turismo e Ambiente, E.M.



Juntamos informação respeitante à nova exposição que vai estar patente na Casa do Tempo, de 4 a 24 de Julho.
Melhores cumprimentos
Casa do Tempo / Sónia Tomás

Casa do Tempo
Rua Dr. José Fernandes de Carvalho
3280-039 Castanheira de Pera
Tel. 236432799

Prazilândia – Turismo e Ambiente, E.M.
Praça Amarela
Apartado 42
3280-909 Castanheira de Pera
Tel. 236438931


Castanheira de Pera, 02 de Julho de 2007

Assunto: Casa do Tempo recebe o artista holandês Aja Waalwijk e a sua colecção de desenhos e montagens inspiradas no património de Castanheira de Pera.

Comemorado a 4 de Julho, o aniversário da fundação do Concelho de Castanheira de Pera serve também de pretexto para a Casa do Tempo dar início a uma exposição que nos dá acesso a uma original colecção de desenhos da autoria de Aja Waalwijk, e promove uma invulgar viagem pelos recantos deste encantador concelho.
Aliando a paixão pela arte de desenhar ao interesse pelo património natural e cultural, este holandês deixou-se seduzir pela beleza das terras castanheirenses e, de forma explícita, procurou colocar no papel todo o fascínio que a vivência rural lhe suscitou. Olhando especialmente para as pequenas aldeias que surgem entre a serrania verdejante, Aja Waalwijk percebeu que estes espaços são únicos e, como tal, mereciam ter também um destaque especial nos seus projectos artísticos.
Assim sendo, e em seguimento de uma primeira exposição intitulada «Canto Perdido da Aldeia», Aja tratou de dar continuidade a esta ideia e, vinte anos depois, o artista está de volta a Castanheira de Pera para nos mostrar um novo conjunto de trabalhos que exprimem o que a sua memória guardou ao longo de algumas visitas a Castanheira.
Pegando agora no título Antiga-Mente, Aja Waalwijk seleccionou então um vasto registo de imagens que compõem uma exposição muito particular. Os seus desenhos e as montagens feitas a partir de materiais recolhidos no local constituem uma espécie de portal que nos leva a percorrer o Concelho de Castanheira de Pera e a desvendar o casario, as emoções e as histórias que as suas aldeias têm para nos oferecer. Portanto, além do seu valor artístico e estético, esta é uma exposição que nos faz olhar para Castanheira e pensar na riqueza que este património representa e o qual, infelizmente, acaba muitas vezes por passar despercebido e ser menosprezado.
A finalizar, lembramos-lhe ainda que, entre outras propostas que Castanheira de Pera lhe reserva aquando das comemorações do seu aniversário, poderá também ficar a conhecer de perto a arte de Aja Waalwijk e a excelente série de desenhos e montagens que este artista exibirá na Casa do Tempo de 4 a 24 de Julho, designadamente de Terça a Domingo das 13h30 às 22h00.

A arte de Aja Waalwijk

“O desaparecimento do antigo património cultural em Portugal intriga-me há mais de vinte anos. As habitações contam a sua história. Vêm-se escadinhas de pedra por onde andaram pessoas durante séculos, casas onde cresceram gerações. À medida que vão degradando estas construções mostram-se como engenhosos puzzles de pedra e madeira. Autênticos escultores estes velhos Portugueses; gente que conhecia as coisas, que davam forma à paisagem construindo caminhos, socalcos e minas de água, tudo de acordo com regras estabelecidas. Mas agora as vias de irrigação estão na decadência, as casas desmoronadas. Parece que uma cultura que tem vindo a desenvolver-se continuamente desde a idade da pedra, está definitivamente terminando. Os velhos habitantes vêm o seu passado a desvanecer. No que ainda resta eu vejo, como observador, um passado que volta a viver.”

Nascido em Amesterdão (Holanda) no ano de 1952, Aja Waalwijk é professor de holandês e de desenho. Contudo, para além deste gosto pela arte de ensinar, Aja procurou ir um pouco mais além e o seu interesse pelo desenho e pela escrita levaram-no também a dedicar-se ao mundo artístico e a desenvolver as suas próprias criações.
Detendo uma forma muito pessoal de fazer arte, Aja Waalwijk concebe as suas obras a partir de projectos artísticos que rompem com o tradicional e vão ao encontro de composições arrojadas que visam acrescentar alguma coisa ao que já foi feito. Assim sendo, a arte de Aja resulta de uma mistura de estilos e de matérias diversificadas que promovem trabalhos muito particulares que também se evidenciam nos festivais de cultura e exposições que o artista tem protagonizado na Holanda, na Índia, na Mongólia e em vários países da Europa.
Aja Waalwijk já conquistou o seu lugar no panorama artístico e, entre outro aspectos, o facto é que a sua arte se distingue em muito pela diversidade de materiais e temáticas que o artista escolhe trabalhar. Por exemplo, depois de em 1987 ter visitado Portugal e de ter tido oportunidade de conhecer melhor o concelho de Castanheira de Pera, Aja entendeu também que podia explorar a beleza do património castanheirense e criar um projecto onde o mundo rural servisse de base a uma série de desenhos e montagens. Por conseguinte, Aja procurou transpor para o papel aquilo que o seu olhar foi descobrindo entre as pequenas casas que compõem algumas das aldeias desta região do Pinhal Interior e, à medida que andou pelos caminhos castanheirenses e que se confrontou com lugares fabulosos de paisagem e riqueza humana, Aja foi dando também consistência a uma longa colectânea de imagens. Agora, que olhamos para cada um dos seus trabalhos, temos a percepção de que estamos a ver mais do que um esboço de uma povoação com uma arquitectura peculiar. Ao contemplar cada um desses desenhos, temos ainda a sensação de percorrer as velhas ruas das aldeias, de perscrutar o som dos pássaros que cantam na copa das árvores ou da água que corre ali no pequeno ribeiro e seguimos mais longe, imaginando as pessoas e as histórias cheias de pormenores que cresceram naquela casa onde a pedra dá forma a postigos, a varandas e a pequenas escadas que se alongam no meio do verde dos vales.
A vivência rural que os desenhos evocam é bastante nítida e, nas brancas páginas de papel, Aja Waalwijk deixa-nos não só a expressão da arquitectura das aldeias mas, ao ir ao encontro destes espaços simbólicos, este artista mostra-nos também a imagem de povoações que reclamam a nossa atenção. É necessário combater a desolação e o abandono que assombra estas terras, é necessário reconstruir as aldeias e promover o meio mural de modo a que muitos destes espaços não desapareçam na sua totalidade. É importante manter estes tesouros e destacá-los como precioso contributo da identidade do país. É importante voltar a descobrir as aldeias e dar-lhe um lugar de destaque nesta sociedade moderna. E, isto depende também muito de todos nós!

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