A lista de condecorados inclui também o ex-ministro da Justiça Menéres Pimentel, o fundador da Intersindical (CGTP) Luís Kalidás Barreto, o ex-ministro dos ...dossiers.publico.pt/noticia.aspx?idCanal=1290&id=1192125 - 50k - Em cache - Páginas Semelhantes
First Portuguese icecream factory ( near year 1700 )Aqui "nasceram " os primeiros gelados portugueses em finais de 1700 - Coentral , Castanheira de Pera" Os Neveiros são poços de construção tosca e redondos no seu interior. Utilizando escadas de mão, os homens desciam ao fundo destes poços e à medida que neles iam sendo despejadas as cestas com neve iam calcando esta com pesados maços de madeira que empunhavam vigorosamente, à maneira dos calceteiros de hoje.Empedernida, coberta depois de palha e fetos, a neve conservava-se nesses amplos reservatórios, até ao Verão – sem que uma réstia de Sol lhe pudesse chegarQuando chegava o tempo quente, a neve era cortada e seguia em grandes blocos para Lisboa. O transporte era feito, numa primeira etapa, em ronceiros carros de bois.Em Miranda do Corvo fazia-se a primeira muda dos animais e depois os carros partiam para Constância onde, da via terrestre, se passava para a via fluvial até ao Terreiro do Paço onde eram feitos saborosos gelados para o Rei e sua corte, tão saborosos que os Lisboetas os procuravam, no Martinho da Arcada e outros cafés.”Fonte : Monografia de Castanheira de Pêra
Sítios Pitorescos
Toda a freguesia do concelho do Coentral é dum pitoresco fora do comum, sendo um cartaz turístico natural que apenas necessita das necessárias infra-estruturas para se transformar num grande pólo de atracção.
Subindo ao pico do Trevim, ponto mais alto da linda serra, pode-se dominar e gozar um dos mais surpreendentes panoramas que é dado ver a olhos humanos! A vista abrange quase todo o centro do país. Para lá se chegar há uma estrada florestal que entronca na estrada Coimbra-Lousã-Castanheira e vai terminar precisamente no pitoresco local do Santo António da Neve, onde não faltam sombras, boa água e os célebres Poços de Neve, onde esta era conservada para, durante o ano, ser retirada para fornecimento da corte. O transporte era feito até à Praia da Barquinha em carros de bois, seguindo dali em barcos até à Capital. Perto, fica-lhe o Coentral Grande, uma das freguesias de Castanheira de Pêra a que a Capela de Santo António da Neve pertence. Na descida para a Castanheira, quem vier da Lousã, encontrará o Miradouro do Cabeço do Pião do qual se domina uma boa parte da Beira Baixa.
No Coentral encontrará a água mais fresca da serra na Fonte das Bicas, onde há um acolhedor Parque de Merendas, ou frondosos castanheiros que o acolherão à sua refrescante sombra. Poderá ainda visitar a nascente da Ribeira de Pêra que impulsionou toda a indústria de lanifícios que tornou célebre o concelho de Castanheira de Pêra.
Santo António da Neve
A Capela
No antigo Cabeço do Pereiro ergue-se uma capela em honra de Santo António e porque foi mandada construir por Julião Pereira de Castro, neveiro-mor da casa Real, passou o local a designar-se por Santo António da Neve. Esta capela tem a seguinte inscrição:
“Esta capela do glorioso Santo António de Lisboa a mandou fazer Julião Pereira de Castro reposteiro do nosso reino da câmara de sua Majestade e neveiro de sua Real casa em terra sua ano 1786.”
A licença do Bispo D. Miguel de Anunciação tem data de 6 de Maio de 1778 o que nos leva a concluir que demorou oito anos (1794) para ser benzida.
O Bispo concede licença porque Julião Pereira de Castro emprega muita gente na expedição da neve ocupando nessa tarefa os domingos e dias Santos e porque ir ouvir Missa à Igreja do Coentral era um incómodo considerável e não cumprir com os preceitos era gravíssimo prejuízo para as suas almas.
Esta capela andou nas mãos de particulares durante muitos anos até que em 1954 foi adquirida pela Câmara da Presidência do Dr. Marreca David e ficou pertença da Junta de Freguesia do Coentral.
Os Poços da Neve e o Ofício do Neveiro
Segundo um trabalho do Dr. Herlander Machado, os poços da neve são seguramente mais antigos do que a capela. Admite-se mesmo que sejam muito anteriores a Julião pereira de castro no ofício de que só há notícia devidamente documentada a partir de 1757 em alvará de D. José também assinado pelo Marquês de Pombal.
“Dos sete poços construídos somente restam três que pela sua raridade foram considerados imóveis de interesse público.
Estes três poços de construção tosca são redondos no seu interior; todavia dois são octogonais no seu exterior e um é circular. Estão cobertos por abóbadas de pedra em forma de sino achatado e todo o conjunto foi edificado com a pedra negra da região. “Cada poço tem uma só porta, estreita, virada para nascente, como para evitar que, quando o Sol é mais forte, possa entrar pela estreita porta e derreter a neve ali guardada.”
Utilizando escadas de mão, feitas em tosca madeira, os homens desciam ao fundo destes poços – que então tinham uma profundidade superior a uma dezena de metros – e à medida que neles iam sendo despejadas as cestas com neve iam calcando esta com pesados maços de madeira que empunhavam vigorosamente, à maneira dos calceteiros de hoje.
Empedernida, isolada entre os paredões alisados pelo estuque, coberta depois de palha e fetos, a neve conservava-se nesses amplos reservatórios, até ao Verão – sem que uma réstia de Sol lhe pudesse chegar.
À jorna, eram contratadas mulheres e rapazio do Coentral e de outras aldeias vizinhas. É o caso dos Poborais, onde Julião Pereira de Castro, segundo ele próprio escreveu no Coentral, nomeou, em 1769, “Simão Duarte e José Duarte(...) para irem ajuntar neve à Real Fábrica que se acha no Cabeço do Pereiro, Serra da Lousã, e para esses avisarem os mais do lugar do Coentral para acudirem a ajuntá-la, por ficarem os ditos à vista da serra e verem quando cai a dita neve como também para irem ver a miúdo não haja algum prejuízo na dita fábrica causado pelos pastores ou pessoas que passem, que não quebrem telhas dos telhados ou de outro qualquer prejuízo para logo que suceda se prover de remédio e para o que lhe concedo todos os meus poderes que neste alvará que são concedidos para sua Majestade, para que em meu nome possam requerer a todos os Ministros e Oficiais de Justiça e Guerra ou Fazenda, tudo o que preciso for para a boa conservação da neve da dita fábrica.
Embora de âmbito regional, este documento a que o Neveiro denominou de alvará bem reflecte os termos que, à escala nacional, eram usados nos alvarás régios da concessão de privilégios e protecções aos contratadores da neve.
Entretanto para reforços da produção, as enxadas iam rasgando as ALAGOAS que eram, afinal uns largos tabuleiros artificiais onde as águas das chuvas ficavam empoçadas para depois vir a transformar-se em gelo.
Ainda hoje se podem localizar algumas dessas Alagoas, por entre lousas quebradiças e urzes rasteiras. Mas a maior parte delas desapareceu quando, em 1971, foi ali construída a pista de aviões para se acudir aos incêndios da floresta.
Iremos agora dar uma breve descrição do escoamento e consumo.Quando chegava o tempo quente, a neve era cortada e seguia em grandes blocos para Lisboa. O transporte era feito, numa primeira etapa, em ronceiros carros de bois.
Apenas três ou quatro desses grandes blocos podiam ser carregados nessas robustas carroças e eram cuidadosamente envolvidos em palha, em fetos, mesmo em serapilheiras ou, ainda, metidos em caixotes.
Mas, mesmo assim, diz o testemunho oral que muita neve se perdia pelo caminho percorrido através dos tortuosos carreiros da serra, quase penosamente.
Em Miranda do Corvo fazia-se a primeira muda dos animais e depois os carros partiam para Constância onde, da via terrestre, se passava para a via fluvial até ao Terreiro do Paço onde eram feitos saborosos gelados para o Rei e sua corte, tão saborosos que os Lisboetas os procuravam, no Martinho da Arcada e outros cafés.”
(in Monografia de Castanheira de Pêra)
de Kalidás Barreto
Fundação e História
O Coentral é uma povoação muito antiga, mesmo uma das mais antigas do nosso concelho, embora, tal como acontece com as restantes terras, não haja registos precisos da sua fundação. Era termo das terras de Pedrógão englobado na zona geográfica que Afonso Henriques doou a uns fidalgos, em 1135 e são dos coentrais dois dos 5 casais (João Eannes e Leonor Eannes, Luiz Eannes e Leonor Domingues) que apelam para o Rei (D. Afonso V) para fazer justiça ao seu povo sobre os baldios, em 1467.
O Coentral era então “uma aldeia perdida nas ravinas de profundo valeiro”, na vertente sul da serra da Lousã, “termo de Pedrógão, donde distaria 3 boas léguas, por caminhos insuportáveis, rodeados de precipícios, assombrados por densas matas, povoadas de lobos e javalis”.
Gente pobre que só vivia da criação de gado, sem outro convívio com qualquer espécies de civilização, mas com a coragem e determinação para fazer chegar a sua voz ao Rei, clamando justiça.
Em 1467 argumentavam os moradores dos Coentrais que já há cem anos, “e tanto tempo que a memória dos homens não era em contrário que os ditos pais, avós e bisavós por ali serem vizinhos sempre ali trouxeram os seus gados”, o que por não ser desmentido na célebre sentença, nos leva a concluir que já existiam os Coentrais há muito mais de cem anos antes. Fazendo as contas podemos admitir que o Coentral existirá pelos menos entre o século XIII e o século XIV.
Embora não se conheçam registos de fundação de freguesia ou da Igreja, há uma acta de 30 de Abril de 1721, escrita pelo pároco do Coentral, Manuel Barata de Andrade, em resposta a um questionário da Câmara Eclesiástica que informa:
“Nesta freguesia de Nossa Senhora da Nazaré do Coentral deste Bispado não há mais que a própria Igreja que haverá trinta anos que o povo fez, tendo sido freguesia de Castanheira donde se desanexou”.
É porém de admitir que já houvesse antes outra Igreja na aldeia, posto que no livro de registos de baptizados se diz no cabeçalho:
“Livro que há-de servir para assentarem os baptizados, casamentos e defuntos desta freguesia de Nossa Senhora da Nazaré dos Coentrais novamente erecta neste ano de 1691.”
Conhecendo-se a têmpera desta gente, como demonstra a presença de coentralenses em 1467 na reclamação a Afonso V e em 1502 aquando da fundação da freguesia de S. Domingos, tal hipótese não é de excluir.
É porém a partir de 1691 que Coentral é freguesia sem interrupção até aos nossos dias, sendo o primeiro livro de registos, guardado nos arquivos, datado de 1691, data coincidente com a informação do Pároco. Como se sabe, os registos paroquiais de baptizados e casamentos foram declarados obrigatórios por Decreto do Concílio de Trento, de 11/11/1563.
Por alvará de 15/9/1564, um ano depois, D. Sebastião (regência do Cardeal D. Henrique) consagra essa obrigação para Portugal.
Em 17/6/1614, Paulo V no “Ritual Romano”, acrescenta a obrigatoriedade do registo de defuntos.
O Coentral, tal como Castanheira, pertenceu à freguesia de Santa Maria de Pedrógão desde a sua fundação. De 1502 a 1691 à freguesia de S. Domingos da Castanheira.
Pertenceu ao concelho de Pedrógão Grande até 1914, altura em que com Castanheira fundou o concelho de Castanheira de Pêra.
De 7 de Setembro de 1895 a 13 de Janeiro de 1899 pertenceu ao concelho e comarca de Figueiró dos Vinhos quando o concelho e comarca de Pedrógão foram extintos.
(in Monografia de Castanheira de Pêra)
de Kalidás Barreto
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