domingo, 27 de maio de 2007

Relembrando Viriato Graça Oliva

Relembrando Viriato Graça Oliva

Há 20 anos, em 5 de Março de 1981, Número 1631/32, O Castanheirense publicava esta entrevista, da autoria de Pedro Barros, que aqui transcrevemos, em jeito de homenagem a Viriato Graça Oliva e sua mulher, Dª Fernanda, nesta hora de enorme tristeza para todos os castanheirenses.

DIALOGANDO:
VIRIATO GRAÇA OLIVA É ASSUNTO

Como Castanheirense é, na tural do Torno, amigo da sua terra, pelas qualidades que lhe são reconhecidas, pelo seu di namismo, hoje proprietário e gerente da Tulipa Negra - Loures (instalações magníficas pos suindo cantina, bairro social, parque de jogos e onde os co merciantes se abastecem de loiças a quadros, de candeei ros, artigos domésticos aos objectos de alabastro e de adorno) e também pelo exemplo que representa, eis uma oportuna troca de breves impres sões :
PB - Começava por lhe pe dir que fizesse um resumo do percurso e obstáculos que atravessou, desde jovem à posição actual.
VGO - Nasci no Torno. Como tantos outros, vim para Lisboa, em 1950, tendo 11 anos. Filho de gente modesta, cedo tive de trabalhar para ajudar os meus pais a criarem os res tantes irmãos que tinha. Come cei com 11 anos a trabalhar no Comércio. Aos 18 anos era encarregado de uma casa de louças. Aos 22 comecei a trabalhar por minha conta, como agente comercial.
Em 1964, com 26 anos estabeleci-me desde logo passando o meu estabelecimento a chamar-se Tulipa Negra.
PB - Dado que visitei e admirei detalhadamente estas instalações poderia dar-nos uma ideia concreta pelo menos para as pessoas que não co nhecem, o que é em si e a que se destina a actividade da Tu lipa Negra?
VGO - A Tulipa Negra, para quem não a conheça é uma firma comercial por mim fundada e de que sou proprie tário. Dedica-se à importação e comercialização de louças, vidros e utilidades domésticas Trabalha quase exclusivamen te com artigos importados.
E o que representa para mim a Tulipa Negra? Bom, di ria que uma longa e trabalho sa caminhada desde o nada à actual situação de que modés tia à parte, me orgulho muito. E porque me custou muito te nho-lhe bastante amor.
Representa, por outro lado, uma forma de conceber o que deve ser uma firma comercial:
além da- sua função de produ ção, a função importantíssima de promoção dos seus em pregados.
PB - Penetrando agora nu ma faceta curiosa da sua vida, sei que é árbitro internacional. Tal deve-se a estar relaciona do com alguma paixão da sua juventude, por se sentir mais realizado, por entretenimento, afinal porquê? Mais, valerá a pena sujeitar-se a más inter pretações e aos assobios do pú blico, que por vezes reage «clubisticamente» ?
VGO - Sou árbitro porque gosto. Porque me tornei árbitro? A principio, levado por um primo que era árbitro, fre quentei um curso, gostei e fiquei. Hoje continuo a gostar de ser árbitro, pois sinto que me faz bem, obrigando-me a manter boa forma física e psíquica. Ser árbitro ajuda a pensar e reagir rapidamente.
Quanto à segunda parte da pergunta que me coloca, encaro naturalmente as reacções do público. De facto toda a gente sabe que muitas pessoas utili zam o desporto, em especial e futebol como escape nervoso O árbitro tem de ser, portanto,além de juiz, um apazigua dor. Em última análise direi que o árbitro tem de existir, assim corno os atletas e o pú blico.
A finalizar, apetece dizer:
Alguém tem de ser árbitro e eu gosto de o ser.
PB - Uma última questão: como amigo da terra natal, gos taria que expusesse o que pen sa da sua evolução e se porventura tenciona ajudar insti tuições, colaborar no seu pro gresso, enfim, que projectos julga necessários que se rea lizem?

VGO - Infelizmente Castanheira de Pêra não tem vivido nos últimos tempos dias tran quilos. Das razões, bem do co nhecimento de todos os Castanheirenses, não me vou alon gar. Simplesmente faço votos para que a conjuntura econó mica a nível nacional e inter nacional, nomeadamente aque la ligada ao sector têxtil, evo lua satisfatoriamente.
Em relação ao meu contri buto pessoal, poderei fazer muito pouco pela Castanheira. No entanto, e dentro do que estiver ao meu alcance tudo farei. Sobre as realizações que gostaria de ver concretizadas na nossa terra, falarei apenas de duas
1ª - Que fosse construída uma pousada na Serra, incen tivando o turismo que tantas e tão boas hipóteses tem nesta terra;
2ª - Que a estrada de ligação ao Espinhal seja uma realida de. Aspiração tão velha merecia da parte das entidades competentes maior atenção, se tivermos em consideração o grande avanço nas comunica ções de e para a nossa terra.

E aqui terminamos esta pe quena entrevista, se o permite, fazendo também nossas as suas últimas palavras, uma vez que para homens animados de boa vontade não existem impossíveis.
PB

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