sábado, 1 de agosto de 2009

O homem do cachimbo.



De: "jdavid@iol.pt" Para: Carlos Manuel dos Santos Coelho Enviadas: Sábado, 1 de Agosto de 2009 11:00:34Assunto: O Homem do Cachimbo!Artur Bandurra. O Homem do Cachimbo!Ali paravam todos os dias, no Ti Jesuino do Bolo, para retemperar forças, o Bandurra e o seu filho Artur, carteiros de desenrasca, pombos correios das boas e das más notícias para as bandas do Carriçal, da Foz e do Camêlo. Levavam e traziam as missivas de Lisboa e para Lisboa e até de paragens mais longínquas encurtando, assim, a distância incumensurável da saudade daqueles que ficaram e dos que partiram na mira de melhor vida. Ali bebiam o seu copinho, ou dois ou dois ou três, antes de se fazerem à serra carreiro fora, com destino à Ribeira de Mega. Porta adentro, entra o Xico Arrabaça a trincar uma grande cebola crua.- Oh Sô Xico... Que valente cebola! - atalhou o Bandurra em geito metediço.- Olhe, estou a acabar das arrancar da terra "amais" a minha mulher. Esta não é das maiores. Houve uma, tão grande, tão grande... que tivemos que ser os dois a puxá-la pela rama. Força daqui, força dali.. vai que ela se desprende, derrepente, e nós caímos os dois, de costado no chão, sujeito a partirmos o canastro.O Bandurra ouviu a milonga, atento, e logo atalhou:- Olhe aí Sô Xico! Não se vá sem resposta...Se nos pagar um copito, logo lhe conto uma que aconteceu comigo e " co mê" Artur um destes dias. Andávamos os dois na vergada do Camêlo a arrancar torgas para fazer carvão e o mê Artur grita: - Olha que "granda" torga! E era mesmo. Fomo-nos os dois a ela, picareta de um lado, picareta do outro, até que a "conseguiramos" puxar!Atão e foram capazes da a arrancar? Questionou o Arrabaça.Lé ser capazes de a arrancar "fôramos", mas o pior foi o resto. Atrás da torga, saíu de lá um aeroplano a roncar que metia medo. Eu atirei-me fragas abaixo, o mê Artur encolheu-se, encolheu-se que até se borrou todo!AGOSTO 2009

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