Na minha infância a criação de porcos estava muito enraizada, sendo determinante para o sustento das famílias que nesse tempo eram muito numerosas, praticamente não havia quem não o fizesse.
Geralmente eram comprados nas feiras mais próximas, ou aos porqueiros que andavam de terra em terra com uma camioneta carregada de suínos.A alimentação destes animais era constituida praticamente com restos de comida (chamada a lavagem) e produtos agrícolas tais como as batatas, couves, abóboras frutas e também bolotas que eram apanhadas debaixo dos sobreiros.
Conseguida a engorda combinava-se a matança (geralmente em Dezembro ou em Janeiro) um dia marcante para miúdos e graúdos).
Tudo se iniciava alguns dias antes quando íamos buscar molhos de carquejas que eram postas a secar para depois chamuscar o animal. Tinha que se convidar o matador mais alguns homens para ajudar a amarrar o porco ao banco onde ia ser sarificado. Morto o bicho o sangue era aproveitado para a confecção de morcelas, ou deixava-se colhar para mais tarde guizar o porco.De seguida era chamuscado com as respectivas carquejas que já se encontravam secas, e todo raspado com uma telha. Só depois é que era levado para uma loja e pendurado no chambaril (uma peça de madeira manualmente curvada)pelas patas trazeiras.Só entaõ era aberto, sendo retiradas as tripas para um alguidar, posteriormente eram eram lavadas com água corrente para serem utilizadas na confecção das chouriças. No dia seguinte o porco era desmanchado separando-se as diversas partes da carne. A gordura era transformada em banha numa panela de ferro, os lombos, o entrecosto e os presuntos eram postos na salgadeira, e assim serviam de alimento para a família durante o Ano.Os presuntos depois de salgados eram untados com colorau e azeite, e eram comidos só em datas especiais.
Na semana seguinte à matança a minha mãe com a ajuda da minha avó faziam o fumeiro; morcelas, moras, farinheiras e chouriços que eram secos no caniço e depois conservados em azeite, A matança
do porco era sempre um acontecimento social e festivo que, para além de ajudar a manter viva a tradição, dava de comer a toda a família até ao ano seguinte.Era criado nas nossas residências na loja.faziamos-lhe a cama todas as semanas, para aproveitar o estrume que servia para adubar as nossas terras de semEadura, pela Primavera. Era o únio adubo da ocasião, tudo curtidinho num monte durante o ano, aquilo que hoje chamam: Adubo Organico.
Era assim no meu tempo de criança à cerca de 40 anos! E nós, pobres , éramos felizes. E ricos sem
o sabermos!...
sábado, 22 de janeiro de 2011
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